A arte é um campo vasto, sem barreiras ou limites. Em Sergipe, um projeto tem feito a diferença ao ensinar artes plásticas para pessoas cegas ou com baixa visão, provando que a criatividade transcende a falta de visão. Nesta reportagem, conhecemos um grupo de alunos cujo talento impressiona pela riqueza de detalhes e beleza das obras que produzem.
Jeimisson Cesar é um exemplo dessa superação. Com apenas 0,1% da visão no olho esquerdo, ele encontra na pintura uma expressão de liberdade. Para ele, pintar e desenhar é uma forma de aliviar a tristeza causada pelo problema de saúde e pela perda gradual da visão. “Sentar-me à mesa para pintar e desenhar me proporciona uma sensação de bem-estar”, ele diz. Antes técnico de enfermagem, Jeimisson teve que se adaptar a uma nova realidade, inclusive enfrentando a depressão após a perda de visão. O curso de arte e pintura da Associação dos Deficientes Visuais de Sergipe (Adevise) foi fundamental para ele reencontrar um velho talento deixado de lado por quase 10 anos.
Para voltar a desenhar e pintar, Jeimisson precisou reaprender técnicas e buscar novos caminhos, principalmente recorrendo à sua memória visual para expressar sua inspiração nas telas. Ricardo, o professor responsável pelo curso, conta que, apesar dos desafios, Jeimisson já possuía uma habilidade natural para o desenho e rapidamente progrediu para a pintura em tela.
O uso de técnicas adaptadas permite que pessoas com diferentes níveis de deficiência visual participem das aulas. No caso dos cegos totais, a abordagem envolve criar uma memória tátil, utilizando figuras geométricas como esferas e cilindros para desenvolver a percepção. “Os cegos totais, se nasceram cegos, não têm imagens na memória. Nós criamos essa memória tátil”, explica Ricardo.
A associação também oferece uma série de outros cursos e atividades, como artesanato, informática, aula de teclado e um coral chamado Terceira Visão. Além disso, a Adevise conta com atendimento psicológico, oftalmologistas e advogados, para apoiar os associados. Adriano Matias, presidente da Adevise, destaca a importância desses serviços para as quase 700 pessoas associadas à organização.
Vera Marcelina, uma das alunas do curso, compartilhou sua satisfação em aprender uma nova forma de arte. “Agora, com essa nova habilidade, eu estou colocando muitos sentimentos para fora. Estou vendo que sou capaz de criar desenhos, mesmo copiando por enquanto. Foi uma excelente oportunidade”, ela disse.
Para divulgar os talentos da associação, Ricardo planeja uma exposição interna na Adevise, seguida por uma exibição na biblioteca pública. “É fundamental mostrar ao mundo a capacidade que as pessoas com deficiência têm. Muitas vezes, elas são vistas como um problema, mas isso não é verdade. Se você quer viver e ser feliz, você pode, seja com deficiência ou não”, conclui.
Para assistir à reportagem completa, acesse o vídeo exibido no Bom Dia Sábado da TV Sergipe: link.
https://globoplay.globo.com/v/12570590
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